Escolher qual vai ser seu próximo compacto pode ser uma tarefa muito difícil caso a pessoa não tenha uma certa clareza na mente a respeito do que ela está procurando. Comparar o Chevrolet Onix e o Peugeot 208 torna isso muito claro, afinal, a depender do que você procura, cada um dos modelos pode se tornar mais ou menos interessante.

Antes de começarmos a comparar os dois modelos diretamente, é legal olharmos para a trajetória dos dois modelos no mercado nacional, começando pela história mais interessante deles, que é o Peugeot 208. Dizemos isso porque a história do modelo começou em 1992 no Brasil, sob o nome de 205.

Por algum motivo, a Peugeot gostava de trocar os nomes dos seus carros quando trocava de geração, hábito que foi deixado de lado há cerca de uma década, permitindo que os carros mantenham seus nomes. Assim, podemos pensar que, por aqui, o 208 teve cinco “gerações”, 205, 206, 207 e duas sob o nome de 208. Na verdade foram quatro, afinal, o 207 nacional nada mais era do que um facelift do 206, porém em outros mercados, como o Europeu, o 207 era realmente uma nova geração. De qualquer forma, o modelo nunca teve uma boa fama por aqui, principalmente por conta da geração 206, que dava algumas dores de cabeça para alguns donos por conta da falta de manutenção.

É fato, porém, que muito do preconceito que o Peugeot 208 recebe até hoje não vem diretamente dele, mas de outros modelos mais caros. Isso porque praticamente toda a linha da Peugeot (e da Citroën) foram equipados com um problemático câmbio automático de quatro marchas que foi o principal responsável por destruir a reputação das marcas francesas no mercado nacional, dando muito prejuízo a muitos donos.

A Peugeot trabalhou pesado para resolver os problemas dos seus modelos, e a linha 208 da geração passada chegou ao mercado muito robusta, como motores confiáveis e manutenção simples. Apesar dessas características, o modelo nunca conseguiu a quantidade de vendas que merecia por conta da forte barreira que foi construída entre os consumidores e a marca. Mesmo atualmente, ainda existem pessoas que não compram modelos da marca apenas por ser um “carro francês”, termo que é associado, por muitas pessoas, a produtos de qualidade inferior.

Curiosamente, muitas dessas pessoas comprariam um modelo da Fiat e nem sabem que, atualmente, quase toda a linha do Peugeot 208 usa motores da marca italiana, resultado da troca de tecnologia entre as duas montadoras que fazem parte, atualmente, do mesmo grupo empresarial. Com isso, uma das maiores críticas ao modelo, que era a falta de um motor mais forte, foi solucionada, afinal, o Peugeot 208 com motor 1.0 turbo é o mais forte da categoria (sem contar a versão esportiva do Volkswagen Polo, claro), garantindo um excelente desempenho ao modelo e tornando ele uma excelente opção de compra no segmento.

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Apesar da qualidade, o Peugeot 208 ainda enfrenta muito preconceito do mercado.

Falar sobre o Onix parece sempre repetitivo, afinal, ao contrário da história do Peugeot 208, que muita gente não conhece, a do modelo americano é muito mais recente e ele sempre esteve nos holofotes. Isso porque ele foi lançado em 2012, em meio ao processo de atualização do portfólio da Chevrolet, que se recuperava da crise de 2008, na qual a empresa quase quebrou, e fez muito sucesso por aqui.

Isso porque ele tinha basicamente um pacote muito completo para agradar os consumidores. Os motores tinham um bom desempenho, assim como o consumo, além de serem bastante conhecidos e de manutenção muito simples e barata. O design era bonito, contrastando bastante com o irmão Agile e sua frente bastante controversa, e a lista de equipamentos era interessante, tendo sido ele o primeiro modelo a oferecer central multimídia na categoria, e todos sabemos que brasileiros adoram telas no painel, mesmo que na época elas não fizessem absolutamente nada a mais do que um rádio normal, tirando o fato de que tinham uma tela touch.

Em 2015 o modelo chegou ao topo do ranking de carros mais vendidos do mercado e não saiu de lá até 2020, quando já tinha trocado de geração e sofreu muito com a crise dos componentes, tendo sua produção sido interrompida diversas vezes ao longo do período de pandemia por falta de peças, o que fez com que o modelo perdesse a liderança do ranking.

Apesar de não ser a geração que mais vendeu, em termos de quantidade, a atual é a melhor forma do Onix desde que ele surgiu por aqui. A geração passada enfrentou algumas polêmicas como a nota zero nos testes de colisão do Latin NCAP, por exemplo, mas a geração atual não se envolveu em grandes polêmicas, e inclusive resolveu o problema da segurança, tendo conseguido nota máxima nos testes quando foi lançado.

A nova geração chegou maior, mais equipada e tecnológica, e rapidamente caiu no gosto dos consumidores. Os novos motores se mostraram bastante econômicos e potentes, e a lista de equipamentos era bastante completa na época. Já se passaram alguns anos desde que ela chegou ao mercado e o Onix continua vendendo bem, mas o fato de ter ficado em segundo lugar esse ano, mesmo com a produção normalizada, é um forte sinal de que o modelo precisa de atualizações para bater de frente com os concorrentes. Quando se compara ele com modelos como o Volkswagen Polo, não é difícil ver que o modelo alemão é bem mais completo.

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Sem mudanças desde 2019, o Onix começa a sentir o peso da idade.

No final das contas, qual será o modelo que mais vale a pena levar para casa, o Chevrolet Onix 2024 ou o Peugeot 208 2024?

Desempenho e Consumo do Onix 2024 e 208 2024

Antes de começar a comparar, é importante deixarmos claro que as versões escolhidas para esse comparativo foram as topo de linha dos dois modelos, ou seja, o Onix Premier e o 208 Griffe. Além disso, vale lembrar que o 208 é um pouco mais barato que o Onix, e ambos são equipados com motores 1.0 turbo, porém com concepções diferentes.

O motor do Onix usa um sistema de injeção indireta, o que prejudica o modelo em termos de potência e economia, porém deixa o modelo mais robusto e menos suscetível a combustíveis de baixa qualidade, que são muito comuns no Brasil. O motor do 208, que é de origem Fiat, usa injeção direta, o que ajuda muito na eficiência ao custo de ele estar mais exposto a eventuais problemas relacionados à qualidade do combustível que o motorista coloca no tanque.

Essas diferenças têm resultados práticos na realidade, afinal, enquanto o Onix conta com 116 cavalos e 16,8 kgfm de torque, geridos por um câmbio automático de seis marchas, e acelera de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos; o 208 conta com 130 cavalos e 20,4 kgfm de torque administrados por um câmbio automático CVT de sete marchas e acelera de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, tempo bem menor do que o do concorrente.

Em termos de consumo de combustível, o Onix leva a melhor na estrada, mas perde no uso urbano, e isso pode ser um bom tópico para ajudar a decidir qual modelo você vai levar para casa, afinal, basta ter noção de qual será o uso majoritário do veículo (ciclo urbano ou rodoviário). As médias do Onix ficam em torno de 8,4 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada com etanol e 11,8 km/l na cidade e 14,9 km/l na estrada com gasolina. O 208 consegue números próximos de 8,8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com etanol e 12,5 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada com gasolina

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O motor turbinado do 208 faz toda a diferença na dinâmica do modelo.

Espaço, conforto e equipamentos do Onix 2024 e 208 2024

O Onix é consideravelmente maior que o 208 por dentro, mas isso não é uma exclusividade do modelo americano. Isso porque o tamanho do modelo francês é a maior crítica feita ao modelo, que abriga bem no máximo duas pessoas a bordo, sentadas nos bancos da frente. Mesmo com duas pessoas no banco de trás, a situação já é bastante desconfortável por conta do espaço muito reduzido para as pernas. Quando adicionamos um terceiro ocupante, a situação fica dramática, afinal, além do aperto de pernas, o modelo é bem estreito, o que vai resultar em uma curiosa cena de três pessoas espremidas no banco traseiro.

No Onix a vida é muito mais confortável. Não que ele seja um carro grande, mas é até possível viajar com três adultos no banco de trás sem tantos apertos como no 208. Além disso, o espaço para pernas é muito melhor, então caso a jornada seja feita com até dois passageiros, o conforto estará garantido. O modelo da Chevrolet também ganha no porta-malas, apesar de a diferença não ser tão grande assim. São 275 litros de capacidade no modelo americano e 265 litros no francês.

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O Onix conta com mais espaço para quem viaja no banco de trás.

Em termos de equipamentos, os dois modelos são bastante equivalentes, mas vale ressaltar que o 208 conta com alguns itens de condução semi-autônoma, o que conta positivamente para o modelo, além do painel digital 3D fazer brilhar os olhos de quem gosta de tecnologia.

Começando pelos itens de série do Onix Premier, o modelo conta com seis airbags, controles eletrônicos de tração e estabilidade, faróis halógenos com projetores, luzes diurnas em LED, alerta de ponto cego, limpador do vidro traseiro, alerta de pressão de pneus e assistente de partida em rampa. Vale lembrar que o Onix ostenta nota máxima nos testes de segurança do Latin NCAP.

O 208 conta com uma lista um pouco mais completa, contando com faróis de LED, alerta de fadiga do motorista, assistente de permanência em faixa, sistema de frenagem autônoma urbana e comutação automática dos faróis. O modelo perde, porém, o alerta de ponto cego e o alerta de pressão dos pneus. Vale lembrar ainda que o modelo tem apenas duas estrelas, de cinco possíveis, nos testes do Latin NCAP, mas essa nota foi obtida pelas versões de quatro airbags e sem o pacotes ADAS, então não reflete a realidade da versão Griffe, que conseguiria uma nota maior.

Seguindo com a lista de equipamentos do Onix Premier, temos piloto automático, direção elétrica, ar-condicionado automático, entrada USB para quem viaja atrás, ajuste de altura e profundidade do volante em couro, ajuste de altura do banco do motorista, bancos em couro, descansa braço central dianteiro, computador de bordo, sensores de estacionamento dianteiros, traseiros e laterais, câmera de ré, vidros elétricos nas quatro portas com sistema de um toque para subida e descida, para-sóis com espelho para motorista e passageiro, volante multifuncional, ajustes elétricos dos retrovisores, destravamento interno e remoto do porta-malas, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme, chave presencial com sistema de partida por botão, acendimento automático dos faróis, sistema de estacionamento automático e carregador por indução.

O 208 conta com alguns itens a mais, como o teto solar panorâmico, tapetes e o acionamento automático dos limpadores de para-brisas, mas perde as entradas USB para a segunda fileira, os sensores de estacionamento dianteiros e laterais e o sistema de estacionamento automático.

Fecha a lista de equipamentos do Onix a central multimídia de oito polegadas com rádio, conexão Bluetooth, USB, wi-fi a bordo e espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay.

O 208 leva a melhor nesse quesito, afinal, além da central dele contar com 10,3 polegadas, ele ainda tem o painel digital 3D totalmente configurável, com direito a espelhamento de mapa. Perde apenas o wi-fi embarcado.

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O conjunto de telas do 208 deixa o interior do modelo muito mais tecnológico.

Qual mais vale a pena?

No final das contas, o Onix está um pouco ultrapassado em relação a seus concorrentes diretos, ao menos na versão topo de linha. Isso porque é bastante comum encontrar ao menos alguns itens de condução semi-autônoma nesses modelos, além de mais tecnologia como painéis digitais, coisas que não estão presentes no modelo da Chevrolet.

É esperado que a marca faça mudanças no modelo em um futuro próximo, já que essa geração já acumula quase cinco anos de mercado sem mudanças, e com elas ele voltará a bater de frente, em termos de tecnologia, com os concorrentes. Por hora, ele normalmente perde as disputas com os concorrentes, e é o que aconteceu por aqui, de maneira geral.

O Peugeot 208 é bem mais tecnológico, além de ser um projeto vendido na Europa, e não um modelo pensado para país de terceiro mundo, como é o caso do Onix, e isso tem uma série de implicações em termos de qualidade de produto. Além disso, ele é mais moderno e tem melhor desempenho. O único porém do modelo é que ele é muito pequeno, o tornando um pouco inviável para quem costuma andar com mais gente dentro do carro. Se você é solteiro ou anda no máximo com mais um passageiro no banco do carona, isso não será um grande problema para você, e nesse caso, o Peugeot 208 Griffe seria a melhor opção de compra.

208 2024 vs Onix 2024: batalha dos compactos