A categoria de SUVs compactos é a mais aquecida do mercado nacional de carros atualmente, e isso faz com que todas as marcas queiram ter seus representantes na categoria. Isso faz com que exista uma vasta gama de opções e é natural que o consumidor fique em dúvida sobre qual seria o melhor modelo para se levar para casa.
Além disso, uma coisa muito importante a se pontuar foram os aumentos de preço dos modelos dessa categoria nos últimos anos. De fato, esse foi um processo generalizado no mercado, mas essa desculpa não desfaz a situação atual na qual esses modelos estão muito mais longe da realidade de muita gente do que estavam antes. Dado que esse é o segmento do momento, muitas pessoas querem comprar um SUV compacto, mas não querem ou não podem pagar o preço cobrado pela maioria deles, o que cria um nicho que se imaginava, até algum tempo atrás, não ser possível explorar, que é dos SUVs compactos com preços mais acessíveis.
Aqui, não estamos pensando em modelos que nasceram para serem SUVs compactos de entrada, como é o caso do Fiat Pulse, mas sim de modelos mais refinados que tem versões simplificadas e custam muito menos. Como todos os modelos, antes, custavam um valor muito mais alto, o que se pensava era que todas as empresas estavam tendo altos custos de produção e isso estava sendo repassado no preço, mas recentemente essa hipótese foi desmentida, em parte.
Quando o governo anunciou um pacote de incentivos para aquecer o mercado automotivo, algumas empresas criaram novas versões de entrada de modelos conhecidos com menos equipamentos para ter um preço mais baixo, se adequando às exigências do programa para obter os descontos. Se o argumento dado é de que os modelos são mais baratos por terem menos equipamentos, basta analisar a lista de itens de série para constatar que essas versões mais baratas são muito próximas das que já existiam, com pequenas mudanças, e custam muito menos, o que nos aponta que boa parte do atual preços dos modelos da categoria é resultado de uma política de porcentagem de lucro altíssima das montadoras em cada unidade de produto, trocando um preço menor e mais unidades vendidos por um preço maior e menos carros emplacados.
A versão de entrada do Renegade não deve muito às mais caras.
Os dois modelos comparados aqui fazem parte desses carros que tiveram versões de entrada criadas nesse período e que continuam no portfólio. Elas tiverem os preços aumentados após o fim do programa do governo, mas novamente tiveram o valor reduzido por conta das mudanças nas regras para desconto nas vendas destinadas ao público PCD, contando com valores muito atrativos.
Por fora, a versão de entrada do Fastback se diferencia das outras pelas rodas de liga-leve.
Apesar de o preço ter baixado para enquadrar os modelos nesses novos moldes, isso beneficia, também, quem está procurando SUVs compactos mas não quer pagar tão caro quanto muitos modelos cobram, afinal, no geral, essas versões de entrada são muito bem equipadas. No final das contas, custando preços muito próximos, será que vale mais a pena levar para casa a versão de entrada do Fiat Fastback ou do Jeep Renegade?
Uma das grandes diferenças entre os dois modelos fica por conta da motorização. Apesar de ambos serem adeptos do downsizing, ou seja, contam com motores pequenos associados a um turbo, eles são bastante diferentes. Enquanto o Fastback é equipado com o motor 1.0 turbo associado com um câmbio automático do tipo CVT com sete marchas simuladas, o Jeep Renegade é equipado com o 1.3 turbo associado a um câmbio automático de seis marchas com conversor de torque.
O motor 1.3 Turbo do Renegade é o mais forte da categoria.
Esse motor 1.3 é o mesmo que equipa as versões mais caras do Fastback, o que nos aponta que, em termos de mecânica, o Renegade é mais refinado que o concorrente. A propósito, esse motor conta com impressionantes 185 cavalos de potência e 27,5 kgfm de torque, o que é simplesmente uma das melhores relações de potência por real gasto no mercado nacional.
Os números do Fastback são mais modestos, apesar de que vale ressaltar que o modelo é o 1.0 turbo mais forte do mercado. São 130 cavalos e 20,4 kgfm de torque, que aceleram o modelo de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos. Apesar do Renegade ser muito mais potente, ele é só meio segundo mais rápido para cumprir a mesma tarefa, e isso acontece por conta de ele ser muito mais pesado. de uma maneira geral, o modelo é mais seguro e estável, e apesar dos modelos serem próximos em termos de conjunto, eles usam plataformas diferentes.
Mesmo sendo pesado, o Renegade é um dos SUV compactos mais rápidos do mercado.
Claro que, sendo mais pesado e potente, é esperado que o Renegade gaste mais combustível, e é isso que acontece. As médias do modelo ficam em torno de 7,7 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada com etanol, enquanto com gasolina elas sobem para 11,0 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada. O Fastback, mais leve e com motor menor, consegue médias na casa dos 8,4 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada com etanol, enquanto com gasolina elas sobem para 11,9 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada.
Quando pensamos a respeito do espaço interno, nenhum dos dois é um grande destaque. O Jeep Renegade é um modelo mais conhecido do mercado nessa questão, afinal, ele está na mesma geração desde que foi lançado por aqui, em 2015, e nunca foi um dos mais espaçosos da categoria.
A grande novidade fica por conta do Fiat Fastback, que parece muito grande quando se olha por fora, mas por dentro é bastante apertado, inclusive sendo menor do que o concorrente. O espaço interno do modelo é praticamente do mesmo tamanho do que se encontra no Fiat Argo, e ainda tem o agravante de, por conta do caimento da carroceria, falta espaço para a cabeça de quem viaja atrás se a pessoa for alta. Ainda, o assento do banco traseiro é mais curto do que dos concorrentes, fazendo com que viagens longas se tornem desconfortáveis pela falta de apoio para as pernas.
O assento curto e o teto baixo tornam a vida de quem viaja atrás do Fastback um pouco desconfortável.
No Renegade o espaço é melhor, principalmente em termos de largura, mas o modelo perde muito quando se olha pro porta-malas, que sempre foi o maior ponto fraco dele. Quando ele chegou ao mercado, contava com apenas 260 litros, que foram aumentados ao longo do tempo, chegando aos atuais 320 litros. É o suficiente para uma família econômica na bagagem, mas mesmo assim fica no limite, tornando o Renegade um carro muito pouco usável para quem precisa do espaço para carregar muita coisa, como é o caso de pessoas com filhos pequenos.
Do outro lado temos o maior porta-malas da categoria. Se o Fastback é apertado para os passageiros, ele dá o troco no bagageiro, que conta com 516 litros de capacidade, tornando ele uma excelente opção para quem costuma carregar muita bagagem. Vale ressaltar, ainda, que ambos os modelos tem uma ótima calibração de suspensão que garante ótimo conforto, mas o destaque fica para o Renegade, que tem suspensão independente nas rodas traseiras, trazendo um refino a mais no uso diário.
O grande porta-malas torna o Fastback uma excelente opção para quem carrega muita bagagem.
Como dito antes, apesar de essas versões serem as de entrada, elas têm listas de equipamentos muito similares a versões mais caras, se tornando ótimos custos-benefícios. No final das contas, o Fiat Fastback leva vantagem em termos de conforto, mas o Renegade é mais seguro. Vale ressaltar que o modelo da Jeep, nesta versão, conta com apenas um ano de garantia, que foi uma das mudanças que a marca americana fez com o intuito de torná-la mais acessível.
Começando pela lista de equipamentos do Jeep Renegade, temos seis airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, freios a disco nas quatro rodas, faróis de LED, luzes diurnas em LED, alerta de fadiga do motorista, alerta de permanência em faixa, frenagem autônoma urbana, limpador do vidro traseiro, alerta de pressão dos pneus, assistente de partida em rampa e suspensão traseira independente.
O Fastback tem uma lista mais modesta, contando, por exemplo, com apenas quatro airbags. Ainda, o modelo conta com freios a tambor nas rodas traseiras, além da suspensão por eixo de torção, mostrando que ele tem uma construção muito mais simples que o concorrente. Ainda, ele perde os itens de ADAS como o alerta de fadiga, alerta de permanência em faixa e frenagem autônoma, além do limpador do vidro traseiro.
Seguindo a lista do Jeep, temos piloto automático, direção elétrica, ar-condicionado manual, entrada USB para a segunda fileira, ajuste de altura e profundidade do volante, ajuste de altura do banco do motorista, descansa braço central dianteiro, computador de bordo, câmera de ré, vidros elétricos nas quatro portas com sistema de um toque para subida e descida, para-sóis com espelho, volante multifuncional, ajustes elétricos dos retrovisores, destravamento interno e remoto do porta-malas, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme e freio de estacionamento eletrônico.
A lista de equipamentos do Renegade de entrada é praticamente a mesma da versão logo acima dela, Sport.
O Fastback conta com alguns itens a mais, como o ar-condicionado automático com saídas para o banco traseiro, volante revestido em couro, sensores de estacionamento traseiros e função auto-hold no câmbio; mas perde o ajuste de profundidade do volante, o que mostra, mais uma vez, a simplicidade do projeto em relação ao Renegade.
Em termos de conectividade, ambos os modelos são bastante próximos. Apesar da central do Renegade ter sete polegadas, ela conta com rádio, conexão Bluetooth, USB e espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay. A central do Fastback tem as mesmas funções, porém a tela é de 8,4 polegadas, e nenhum dos modelos conta com painel digital.
O Fastback conta com um desenho mais moderno do que o Renegade, que não tem grande mudanças desde 2015.
No final das contas, existem dois caminhos a serem seguidos aqui. O primeiro ponto a ser ressaltado é que nenhum dos modelos é ótimo em termos de espaço interno, então se você tem família grande ou costuma andar com bastante gente no carro, esses dois modelos não são as melhores opções para você.
Dito isso, vamos pensar a respeito do porta-malas, afinal, esse é um bom ponto para servir de base para decidir qual modelo mais se encaixa no seu uso. Isso porque, por exemplo, se você tem crianças pequenas, vai precisar de muito porta-malas para carregar um monte de coisas toda vez que sair de casa. Nesse caso, o Renegade não te atende bem, e o Fastback se torna uma ótima opção. Isso também vale para qualquer outro tipo de perfil de consumidor que precise de muito espaço no bagageiro.
Como vantagens, o Fastback ainda oferece o fato de ser um produto mais novo, que está mais na moda, além de gastar menos combustível e contar com alguns mimos a mais na lista de equipamentos.
O Renegade anda mais rápido, mas gasta mais combustível. Por outro lado, fica claro, ao andar nos dois modelos, que ele é um produto superior em termos de construção, sendo muito mais sólido e seguro. De fato, o espaço não é o forte dele, nem para passageiros, nem para malas, mas se essa não é uma prioridade para você, ele pode ser a melhor compra, dentre esses dois modelos. Vale lembrar, porém, que para custar menos, essa versão do modelo conta com apenas um ano de garantia, o que com certeza deve ser levado em conta na hora da aquisição do modelo. A boa notícia é que muitas concessionárias vendem pacotes com mais alguns anos de garantia.