A Toyota é, talvez, a marca que tem a melhor imagem em todo o mercado nacional em relação a qualidade dos seus produtos, e isso não foi, nem de longe, um resultado rápido. na realidade, a empresa, que chegou ao Brasil nos anos 1990, teve uma longa história de produção de modelos com alta qualidade.
Ela já chegou no Brasil com muita história para contar, afinal, a empresa surgiu em 1937, no Japão, e acumula vários sucessos de venda. O Corolla, por exemplo, já era o veículo mais vendido do mundo nos anos 1970, vinte anos antes da Toyota começar a pisar no nosso país. Essa situação foi possibilitada, claro, pela qualidade do produto, mas também por conta de peculiaridades da época, como o choque do petróleo e, assim, a crescente demanda, principalmente na América do Norte, que é um mercado gigante no setor automotivo, de modelos menores e menos gastões do que aquelas conhecidos “muscle cars” com carrocerias pesadas e motores gigantescos.
No Japão, porém, a moda sempre foi outra, e os carros pequenos reinavam por lá, situação que continua até hoje, afinal, existem até incentivos do governo para os chamados “key cars”, que são modelos pequenos com motores de baixa cilindrada pensados para uso em grandes centros urbano como Tokyo e Yokohama. Assim, essa demanda do mundo por modelos menores foi uma grande oportunidade que a Toyota aproveitou com maestria. Vale destacar, ainda, seu sistema de produção com uma filosofia diferente do que existia até então no mercado automotivo.
Chamado de “toyotismo”, a empresa produz seus modelos conforme a demanda, assim diminuindo consideravelmente a existência de estoques e evitando situações como pátios lotados e apertos financeiros, situação bem diferente do “fordismo”, modelo criado por Henry Ford, fundador da Ford, que mantinha a linha de produção produzindo unidades constantemente, abastecendo as distribuidoras e formando estoques, situação essa que é mais arriscada em termos financeiros por estar mais exposta a eventuais crises de consumo.
No Brasil, a Toyota demorou um pouco para ganhar fama, apesar de ser muito famosa no mundo de uma maneira geral. Isso porque ela chegou juntamente com a abertura do mercado para importação depois de duas décadas fechado, e, assim, muita gente tinha receio de comprar esses modelos novos que estavam chegando no mercado, por serem diferentes do que se tinha de tradicional por aqui.
Fato é, porém, que os produtos eram muito bons, e não demorou muito para que a empresa japonesa vencesse o preconceito. É curioso que mesmo com quase três décadas de uso, essas primeiras unidades dos carros da marca que foram vendidos por aqui normalmente funcionam muito bem. Atualmente a marca domina três segmentos, liderando incontestável as categorias de sedãs médios, picapes médias e SUVs grandes com, respectivamente, o Corolla, a Hilux e a SW4.
Existem outros modelos na linha, mas eles não repetem tanto o sucesso dos outros, como o caso do RAV4, que, por ser importado do Japão, chega ao mercado muito caro e não consegue conquistar muitos consumidores. Além disso, o modelo é importado conforme a demanda, que é baixa, o que acaba se tornando um ciclo vicioso negativo. Outro exemplo é o Yaris, que, claro, não vende tão mal como a RAV4, mas não é uma estrela das vendas como seus irmãos citados anteriormente. Se esses modelos não fazem tanto sucesso, isso não significa que eles sejam ruins, muito pelo contrário. Todos os modelos da marca ostentam um excelente nível de robustez e confiabilidade, que é, no final das contas, um dos maiores segredos da marca para se manter no topo.
Vamos te mostrar quais são os cinco modelos mais em conta da Toyota!
A linha Yaris é um curioso caso na linha Toyota, afinal, apesar de ter tudo para ter se tornado um sucesso, o modelo não conseguiu conquistar o público, e isso se deve por dois fatores complementares.
Quando ele chegou ao mercado, a Toyota ainda tinha, em seu portfólio, o Etios, modelo que causou muita polêmica quando chegou por conta de seu design bastante controverso. Por outro lado, após vários anos de mercado e algumas modificações estéticas, o modelo ficou um pouco menos estranho, assim deixando a mostra todos os seus predicados positivos como o bom espaço interno, motor extremamente confiável e econômico, além de oferecer um bom desempenho, e uma lista de equipamentos bastante honesta.
Fato é que o Etios já estava consolidado no mercado, e por causa disso, a Toyota resolveu trazer o Yaris como um compacto premium, ou seja, um modelo de categoria superior ao Etios. De fato, o Yaris era melhor do que o irmão mais antigo, mas não o suficiente para convencer quem entrava em uma concessionária da Toyota a pagar os vários milhares de reais a mais cobrados pela novidade.
Isso porque o modelo não tinha um espaço interno muito melhor e o motor era o mesmo 1.5 aspirado. Ele ganhava alguns poucos itens de série, o câmbio CVT no lugar do automático de quatro marchas e um design mais bonito, e por essas qualidades, cobrava muito mais caro do que o Etios.
A realidade é que se o Yaris tivesse sido lançado como uma nova geração do Etios, estaria se posicionando para competir com os outros compactos como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, ele teria vendido muito bem e talvez a situação atual fosse outra. Por outro lado, a Toyota tentou emplacar o modelo o colocando para disputar, em preço, com modelos como Volkswagen Polo e Honda Fit, o que resultou em baixos números de vendas.
Apesar de a Toyota ter reposicionado o modelo em termos de preço após tirar o Etios de linha, o que aconteceu foi que a montadora japonesa perdeu o tempo certo, e fez isso muito tarde, em uma situação na qual o Yaris já nem é lembrado pela maioria dos consumidores. Além disso, ele está consideravelmente ultrapassado quando comparado com os concorrentes.
Isso pode ser visto, por exemplo, pelo fato de que a Volkswagen fez um processo bem parecido com o Polo, descendo ele de compacto premium para a categoria inferior, e promovendo algumas atualizações. Isso fez o modelo disparar no ranking das vendas, e atualmente figura no pódio da categoria.
O Yaris não vender tão bem não significa que ele seja um carro ruim, muito pelo contrário. Com sua versão inicial partindo de R$ 97.990 com motor 1.5 aspirado e câmbio automático, ele é uma escolha muito segura para quem quer um carro que vai durar muito sem dar quaisquer tipos de dor de cabeça.
O Yaris Sedan sofreu dos mesmos males que sua versão hatch, chegando no mercado para bater de frente com modelos como Honda City e Volkswagen Virtus, o que, como todo mundo bem sabe, não deu muito certo.
É curioso pensar que o Yaris Sedan, por ser posicionado entre o Etios Sedan e o Corolla, era frequentemente comparado com esses dois modelos. No uso diário, é fato que o modelo parecia muito mais um Corolla do que um Etios, mas isso não convencia quem queria comprar um sedã espaçoso para a família, afinal, o Etios era muito competente e custava bem mais barato. Por outro lado, o Corolla era um carro superior, e o salto financeiro para ir de um Yaris Sedan para ele não era tão custoso, o que fazia com que o compacto premium perdesse vendas para os dois irmãos.
Com isso, o modelo perdeu o tempo de mercado, assim como o Yaris Hatch, e ficou um pouco esquecido, Atualmente, está ultrapassado frente aos concorrentes, tendo como principal argumento para convencer o consumidor o fato de seu um dos automáticos mais baratos do mercado.
Curiosamente, a versão de entrada do Yaris Sedan custa os mesmos R$ 97.990 cobrados na versão de entrada do hatch, o que pode ser um bom negócio para quem está procurando um sedã automático, espaçoso e muito confiável.
O Corolla é o carro mais vendido da história automotiva mundial, então falar sobre ele nunca é uma grande novidade. Muito conhecido pela sua robustez, o modelo carrega consigo uma legião de fãs fanáticos, e isso não é por menos, afinal, é um excelente carro.
Curiosamente, porém o Corolla adota uma lógica um pouco diferente de modelos que ainda precisam se firmar no mercado, situação diferente da qual o sedã médio japonês se encontra. Enquanto modelos com menos tradição apostam em se destacar por conta do desempenho com motorizações mais fortes, ou quem sabe serem os mais completos da categoria, o Corolla não tenta ser o melhor em nada, mas sim, bom em tudo, e talvez seja esse um dos maiores trunfos do modelo.
Ele nunca foi o mais rápido da categoria, mas também nunca foi lento. A lista de equipamentos nunca foi a mais completa, mas sempre foi boa. Isso vale para outros tantos fatores como consumo, conforto, espaço interno, etc. No geral, o Corolla sempre foi um carro muito equilibrado, e isso, associado ao fato de que o modelo conta com uma excelente robustez mecânica, fez com que ele ganhasse fama muito rápido.
Atualmente, o segmento de sedãs médios está em pleno declínio, e a maioria dos competidores deu adeus ao mercado por conta do baixo desempenho nas vendas. No final das contas, quem carrega a categoria nas contas é o Corolla, que parece ter se tornado o ponto de encontro de todos os compradores que gostam de sedãs e viram suas opções saírem do mercado uma após a outra, chegando ao ponto em que praticamente nem existe competição e o Corolla reina absoluto e totalmente incontestável, sem perspectiva de mudança a curto prazo.
O modelo tem bom espaço interno, bom porta-malas, bom conforto e ajuste de suspensão, duas opções de motorização, sendo uma com melhor desempenho e outra focada em consumo, boa lista de equipamentos e uma taxa de desvalorização baixíssima. No final das contas, não é difícil entender porque ele vende tão bem, ainda mais levando em conta que compete com SUVs compactos, os quais são derivados de modelos compactos, enquanto o Corolla é um médio.
Com versões a partir de R$ 148.990, é possível que você ande por aí em um modelo muito melhor construído e com acabamento superior ao de um SUV compacto, além de o mesmo ter melhor dinâmica e, possivelmente, mais conforto. A decisão fica a cargo do cliente.
O Corolla Cross é um caso curioso, afinal, apesar de ter um monte de críticos, o modelo vende muito bem. Essas críticas vêm pelo fato de que, se analisarmos friamente, ele é mais caro do que o Corolla sedã, porém entregando menos coisas.
Basicamente, se tem um modelo com pioras como o acionamento do freio de estacionamento com pé, suspensão por eixo de torção na traseira, enquanto no Corolla sedã ela é independente, espaço interno pior, menos porta-malas e que custa mais de R$ 10.000 a mais, para compararmos versões equivalentes, apenas por ser um modelo alto e na carroceria que está na moda.
Isso quer dizer que ele seja ruim? Não, muito pelo contrário! Pensando no contexto em que o modelo está incluído, que é uma transição entre os SUVs compactos e os médios, ele é bastante competente, o que explica o porquê de ele vender tanto.
No final das contas, as críticas feitas ao modelo vem do fato de que ele perde coisas em relação ao Corolla sedã, mas quem está querendo levar exclusivamente um SUV para casa nem pensa na versão sedã. Esse tipo de público está querendo um carro alto, na carroceria que está mais na moda atualmente, e, nesse sentido, as comparações precisam ser feitas entre modelos que estão incluídos dentro dessas características. Quem está procurando o melhor custo-benefício, independentemente da carroceria, provavelmente vai olhar para a carroceria sedã com mais carinho, e isso até ajuda a explicar seus bons números de vendas.
O Corolla Cross não herdou apenas o nome do carro mais vendido do mundo, mas também o seu talento de ser bom em tudo sem ser o melhor em quase nada. O espaço é bom, o design é bonito, a lista de equipamentos é bem completa, existem opções de motorização para atender quem quer desempenho e quem quer economia e o modelo tem a mesma confiabilidade que se espera quando se opta por comprar um Toyota.
Com versões partindo de R$ 162.590, o modelo é uma excelente opção, principalmente nas versões de entrada, para quem quer fugir dos SUVs compactos, que normalmente tem preços até mais elevados que esse nas versões topo de linha, e partir para algo um pouco mais sofisticado, afinal, o modelo é derivado de um sedã médio. Analisando bem, nesse contexto, também não é nada difícil entender os motivos pelos quais o modelo vende tanto.
Por incrível que pareça, uma caminhonete média conseguiu entrar no ranking dos cinco carros mais baratos da Toyota, e isso se deve muito mais ao fato de que ela não tem muitos modelos em linha do que por a Hilux ser barata. Com preços partindo de R$ 242.590, a picape tem um escalonamento bastante curioso de preços, afinal, a versão mais cara passa dos R$ 370.000.
Fato é que a versão mais barata é mais voltada para o trabalho, inclusive contando com rodas de aço sem calotas e câmbio manual. Quem quer uma picape para o trabalho, ou faz questão desse tipo de modelo mas não liga para aparência, ela é uma ótima pedida. Além disso, existem aqueles que compram a picape justamente pelo visual mais rústico, além de ela ser a única equipada com três pedais.
Assim como o Corolla lidera o segmento de sedãs médios, a Hilux é a caminhonete média mais vendida do país. A diferença, talvez, fique pelo fato de que, ao contrário da categoria de sedãs médios, a de picapes médias anda de vento em popa, vendendo muito e com diversas competidoras.
Assim, enquanto o Corolla lidera um setor praticamente extinto, a Hilux luta bravamente contra um monte de concorrentes com muito renome e tradição no mercado nacional, como a Chevrolet S10 e a Mitsubishi L200 Triton Sport. Curiosamente, todas tem uma excelente fama de serem bastante duráveis, além de aguentar muito desaforo de donos despreocupados, assim como a Hilux consegue. Também são robustas e aguentam trabalho pesado, além de trechos fora de estrada complicados.
Mesmo que todas compartilhem essas características, parece que a Hilux leva mais vantagem, afinal, ela é a que mais vende. A verdade é que a picape segue uma lógica um pouco diferente do que a Toyota costumava adotar em outros modelos, ao menos antigamente. Ao contrário do que acontecia, por exemplo, com o Corolla, que custava um pouco mais caro do que os concorrentes e tinha esse fato justificado por conta da confiabilidade e robustez; a Hilux tem preços muito competitivos, principalmente nas suas versões intermediárias, que já são bastante completas.
Pode ser que a situação mude um pouco conforme o mercado se reajusta à nova Ranger, que chegou ao país e elevou o nível da tecnologia na categoria, além de contar com motor V6, mas, ao menos por enquanto, a Hilux leva a melhor.
Ela é grande e imponente, e apesar de já ter sete anos de mercado nessa geração, seu design não sente tanto o peso do tempo, resultado do bom trabalho da Toyota em atualizar o visual da picape. Por dentro, porém, ela entrega a idade, tanto no desenho um pouco antiquado quanto em itens como o painel com mostradores analógicos. Sua caçamba tem boa capacidade, assim como o espaço da cabine é suficiente para três pessoas viajarem relativamente confortáveis, na medida do possível.
Além disso, o motor 2.8 turbo garante um desempenho razoável para a caminhonete. Não é nenhum canhão, nem anda perto das concorrentes Ford Ranger e Volkswagen Amarok, ambas equipadas com seus respectivos motores 3.0 V6. Também perde para a Chevrolet S10, que tem um desempenho excepcional quando paramos para analisar os números do motor. Por outro lado, ao andar com a Hilux, você não sentirá tanta falta de desempenho, e a diferença entre ela vazia ou com cinco pessoas a bordo e malas na caçamba não é muito grande, resultado do bom torque.
Vale citar que a desvalorização da caminhonete é uma das menores do mercado, o que torna a picape bastante atrativa, visto que ela custa um valor significativo.