Atualizado em 12/12/2023

A Chevrolet é uma das montadoras mais tradicionais do país, acumulando quase um século de história, visto que pisou pela primeira vez por aqui em 1925. Talvez por isso, a empresa tenha um elo tão forte com tantas pessoas.

É praticamente impossível que você não conheça alguém que tenha ou já teve um Chevrolet na garagem, visto que, além do tempo de mercado, a marca sempre vendeu muito bem, tanto seus modelos mais baratos quanto os mais caros. Na época em que as importações eram proibidas no setor automotivo, a Chevrolet reinava com seus modelos mais caros, que eram sinônimo de luxo e sofisticação, mesmo que, em termos de mercado global, eles fossem ultrapassados.

Claro que, por alguns anos após a abertura do mercado, a marca sofreu um pouco, afinal, ela ainda vendia aqueles mesmos modelos antigos em um mercado que foi inundado por novas tecnologias. Ela, porém, não ficou parada, e logo começou a trazer modelos de uma subsidiária alemã, a Opel. Foi nesse processo que chegaram ao mercado modelos como Corsa, Astra, Meriva, Zafira e Vectra, que são, talvez, os modelos mais famosos vendidos por aqui, em termos de conhecimento do público.

Dizer isso é difícil, visto que, na história da montadora, existem veteranos como Opala e Monza, mas se formos pensar a respeito do que mais se vê rodando por aí, atualmente, é bem provável que existam mais Corsas e Astras. Essa época da Chevrolet, na qual vendia os modelos de origem Opel, e a qual algumas pessoas se referem como a era de ouro da empresa por aqui, terminou em 2011, ano no qual a empresa tirou esses modelos de linha, por conta de a Opel ter sido vendida para o grupo PSA (Peugeot e Citroën), dando início a um novo capítulo na história da montadora por aqui, com modelos autorais e alguns um pouco controversos, como o Agile e o Cobalt. Nessa época, porém, surgiu o maior sucesso recente da marca, que foi o Onix.

O Onix sempre foi um fenômeno de vendas, desde que surgiu. Foi ele, por exemplo, que introduziu as centrais multimídia touchscreen em carros de entrada, coisa que, até então, não existia nesse segmento. Além disso, o modelo foi o veículo mais vendido do país por vários anos, até perder o posto durante a crise de componentes que o mercado automotivo enfrentou.

É curioso pensar, ainda, que boa parte da linha atual da Chevrolet é baseada no Onix. Os cinco veículos mais baratos da marca são todos derivados do Onix, da atual geração ou da geração passada. Isso mostra o tamanho do sucesso do modelo como produto para a empresa, afinal, ela decidiu expandir a família, criando outros modelos baseados no sucesso de público.

Vamos te contar quais são os esses cinco carros da marca vendidos atualmente no país!

Chevrolet Onix

Onix

O modelo mais barato da Chevrolet é o Onix, mas vale ressaltar alguns pontos. Atualmente, o Onix está posicionado de uma maneira mais próxima à maneira como o Corsa era posicionado a alguns anos atrás. Se lembrarmos bem, existia, naquela época, o Celta, que era menor e mais barato. Se existisse atualmente, o modelo talvez seria um concorrente do Renault Kwid e Fiat Mobi, mas, ao sair de linha, ficou sem nenhum substituto.

Assim, apesar de ser o mais barato, o Onix já é um modelo posicionado um pouco acima dos modelos tidos como de entrada. São itens de série, em todas as versões, vidros elétricos nas quatro portas, chave com comando das travas das portas, ar-condicionado, direção elétrica e sistema de som, mesmo que na versão mais barata ele não seja uma central multimídia.

O grande sucesso do Onix sempre se deu por uma soma de fatores. O motor era conhecido e confiável, ele tinha diferenciais tecnológicos e um estilo bastante agradável. Além disso, ele se aproveitava da boa fama que a Chevrolet sempre carregou aos olhos dos consumidores brasileiros.

A nova geração do modelo mudou bastante, cresceu em tamanho e aumentou consideravelmente o nível de tecnologia e, principalmente, segurança. Os motores eram novos, mais econômicos e potentes, e o modelo como um todo aparentava ser algo superior ao antigo. Além disso, ele chegou custando valores muito próximos aos que eram cobrados antes da troca de geração, o que fez o modelo bombar mais ainda.

Com a crise, o Onix perdeu o posto de modelo mais vendido do país, mas vem se recuperando gradualmente. Não fosse o reposicionamento do Polo feito pela Volkswagen, o que o levou ao primeiro lugar no ranking, era bem provável que o Onix voltasse a liderar o mercado com folga em 2023.

Com preços partindo de R$ 85.290 e chegando até R$ 115.170, o modelo, atualmente, não é o mais atual do mercado, visto que, após seu lançamento, em 2019, o modelo não passou por grandes mudanças, diferente de outros modelos como o Volkswagen Polo e o Hyundai HB20. Por outro lado, isso não quer dizer que o modelo esteja totalmente desatualizado, e ainda convence muita gente a fechar negócio na hora de escolher seu novo compacto zero quilômetro.

Chevrolet Onix Plus

Onix Plus

O Onix Plus recebeu uma tarefa um pouco complicada quando surgiu no mercado brasileiro. Isso porque o modelo chegou para ocupar tanto o espaço do Prisma quanto do Cobalt. Existe uma certa confusão feita pela Chevrolet com os nomes dos sedãs compactos, afinal, o Prisma começou como a versão sedã do Celta, mas posteriormente virou o sedã do Onix, que era um modelo maior que o Celta.

Quando o Onix trocou de geração, foi imaginado que sua versão sedã continuaria chamando Prisma, mas isso não foi o ocorrido, já que o nome dele é Onix Plus. No fundo, ele nada mais é do que o sucessor espiritual do conhecido Prisma, nome que não está mais sendo usado pela marca, pelo menos por enquanto.

De qualquer maneira, caiu sobre os ombros do Onix Plus a responsabilidade de ocupar tanto o espaço do Cobalt quanto do Prisma, que eram modelos diferentes. O primeiro era mais espaçoso e contava com um motor maior e mais gastão, além do estilo mais pacato, atendendo a um público não tão preocupado com beleza, mas mais com a usabilidade do carro.

Do outro, tinha que atender o público do Prisma, que não precisava tanto do espaço interno e queria mais economia de combustível, além do design mais jovem e dinâmico. Parece que o modelo cumpre muito bem seu papel de tampão para esses dois modelos, afinal, ele conta com um excelente espaço interno, tem um motor potente e econômico e um design que é ao mesmo tempo moderno e clássico, agradando a maioria das pessoas.

Essas características renderam ao modelo o posto de sedã compacto mais vendido do país, e ao contrário do Onix, que perdeu a posição de líder durante a crise dos componentes, se manteve lá desde que chegou ao topo, em 2020. Para se ter uma ideia, mesmo tendo chegado ao país em setembro de 2019, o modelo conseguiu acumular quase 27.000 unidades vendidas em apenas quatro meses de mercado.

Chevrolet Spin

Spin

De todos os carros que falamos aqui, a Spin é a mais diferente, e isso se dá porque ela também é derivada do Onix, mas não o atual. A Spin é derivada do Onix da geração passada, assim como era o Prisma e o Cobalt, modelo com o qual ela compartilhava motor, câmbio e até mesmo o desenho do interior.

Ela chegou ao Brasil em 2011 com uma tarefa muito difícil, que era substituir tanto a Meriva quanto a Zafira. No final das contas, ela não fazia nem uma nem outra função, mas se devemos apontar qual ela se parece mais, teríamos que dizer que é mais próxima da Meriva.

O grande problema é que a Zafira era derivada do Astra, que era um modelo médio. Assim, ela tinha um nível de qualidade construtiva, solidez, nível de equipamentos e acabamento superiores à Spin, que era uma derivação de um compacto. Dizer que a Spin ocupou o espaço da Zafira, naquela época, é como se, atualmente, a Volkswagen criasse uma variação do Polo com sete lugares e dissesse que esse modelo vai ocupar o lugar da Tiguan.

De qualquer maneira, atualmente, a Chevrolet Spin é o modelo de sete lugares mais barato do país e não tem concorrentes. Isso, claro, até chegarem as versões de sete lugares do Citroën C3 Aircross, que prometem agitar o mercado de modelos de sete lugares no país.

Falando um pouco da Spin, seu foco é ser um carro familiar, e ela cumpre bem esse requisito, porém comete alguns deslizes. Em termos de espaço interno ela é excelente, e as versões com apenas cinco lugares tem um porta-malas de mais de 700 litros. Por outro lado, quando são sete lugares, mesmo que a terceira fileira não esteja posta, a litragem cai para pouco mais de 550 litros, e isso ocorre porque, ao contrário do que acontecia na Zafira, que a terceira fileira era rebatida e entrava no assoalho do carro, no caso da Spin eles apenas giram e ficar presos nas costas da segunda fileira, um mecanismo mais rudimentar e menos funcional.

Para quem viaja lá no fundo do modelo, o espaço não é dos melhores, mas isso já era esperado. Se em SUVs grandes como Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer isso acontece, quem dirá em uma minivan derivada de um compacto. Nesse caso, o ideal é que quem viaje atrás sejam crianças ou, talvez, pessoas com estatura mais baixa.

Fora ser um carro muito espaçoso e que carrega sete pessoas, a Spin não tem tantos atrativos assim, e, no final das contas, nem precisa, afinal ela não tem concorrentes e pode se resumir a isso. Com o anúncio do C3 Aircross e seus sete lugares, a Chevrolet logo correu e já está em testes uma “nova geração” da Spin, que na realidade deve ser uma mudança profunda baseada no que se tem atualmente, e não uma nova geração baseada no Onix atual, como era o esperado.

O motor deve seguir sendo o mesmo 1.8 aspirado de atualmente, que tem bom torque mas entrega a idade principalmente na cavalaria. Esse motor foi o mesmo que equipou o Monza, apesar de, claro, ele ter passado por uma série de melhorias ao longo dos anos. Ao menos, se espera um aumento na segurança do modelo, que conta com apenas dois airbags, o que é uma decisão questionável da Chevrolet, visto que o modelo é pensado para uso de famílias.

Chevrolet Montana

Montana

A Montana é uma velha conhecida do mercado nacional. Surgiu no começo dos anos 2000, derivada do Corsa, e conquistou uma legião de fãs, principalmente pela sua veia muito forte voltada ao lazer.

É claro que, como uma picape de cabine simples, ela também tinha versões voltadas para o trabalho e batia de frente com as concorrentes Fiat Strada e Volkswagen Saveiro, mas o que conquistava os clientes eram as versões mais completas do modelo, como a Sport com motor 1.8 aspirado.

A segunda geração da picape gerou muita polêmica por ter chegado ao mercado como um novo modelo, porém usava uma plataforma mais antiga do que a geração anterior, assim sendo um modelo menos tecnológico. Além disso, ela perdeu o motor 1.8, que era mais adequado para a picape por ter mais torque e um consumo parecido com o das versões 1.4.

Os anos passaram e a Fiat Strada abriu uma vantagem muito grande das concorrentes. Nessa situação, a Chevrolet tinha duas opções, que eram ou atualizar o modelo ou, e foi isso que escolheu, tirar a picape de linha. No fim de sua vida, ela só tinha a versão de entrada voltada para o trabalho no portfólio, e essa foi a última a dar adeus ao mercado, em 2021.

A Montana voltou ao mercado totalmente renovada em 2023, tendo seu projeto derivado da Tracker, que por sua vez, é derivada do Onix. Com motorização 1.2 turbo e opção de câmbio manual ou automático, ambos de seis marchas, quem não sabe o nome da picape dificilmente diria que ela é uma Montana, dado que do modelo anterior não sobrou quase nada além das gravatinhas amarelas na frente e na traseira.

Ao contrário do que acontecia antes, quando a picape era voltada tanto para o lazer quanto para o trabalho, a geração atual praticamente abandonou esse espírito laboral e assumiu uma nova personalidade, que é a de ser uma picape pensada para o lazer. De fato, ela se encaixa melhor nesse quesito do que a Fiat Strada, a qual oferece versões com cabine dupla com uma lista de equipamentos um pouco mais completa, mas que ainda assim deve muito no quesito conforto e comodidade, pensando em ser um veículo de passeio.

A Montana tem um grande trunfo, o qual faz com que a picape venda consideravelmente bem, que é a praticidade de ter uma caçamba. Se formos olhar a grosso modo, se você está interessado em um modelo para lazer, ou seja, andar com a família, ou busca conforto, modelos como um Honda City ou Volkswagen Virtus ofereceriam experiências muito melhores nesses quesitos do que a picape da Chevrolet.

Por outro lado, o fato de ela ter uma caçamba concede vantagem em certos momentos, quando comparada com um sedã ou até mesmo um SUV, que é o fato de poder carregar coisas grandes na caçamba. Se você anda de bicicleta, moto, surfa, carregar coisas grandes ou quaisquer outras coisas que exigem uma caçamba, você estará muito melhor servido em uma Montana do que nos modelos citados anteriormente.

Ainda, existe a parcela das pessoas que simplesmente querem ter uma picape por gostar do estilo, o que é um motivo muito válido para levar para casa a picape. Talvez isso seja o que mais faz a picape vender, afinal, ela tem um bom nível de equipamentos (bem melhor do que o da Fiat Strada) e um tamanho próximo ao de um SUV compacto, porém não custa tão caro quanto uma Fiat Toro, além de ser mais econômica e não andar tão mais devagar.

Parando para pensar apenas nas características do carro, deixando de lado as opiniões pessoais, a Montana só atenderia bem quem precisa de uma caçamba para carregar coisas, mas não usa o modelo para trabalhar. Por outro lado, considerando que a pessoa vai usar o carro apenas para lazer, e quer uma caminhonete por gostar do estilo, a Montana é um ótimo negócio.

Chevrolet Tracker

A Tracker é um dos modelos mais vendidos do país desde que a nova geração, baseada no Onix, foi lançada. Vale lembrar, além disso, que o modelo sempre compartilhou plataforma com o compacto por aqui, ao contrário do que se pensa, afinal, na geração passada o modelo contava com o desenho do interior muito parecido com o do Cruze da geração passada, além de ter oferecido o 1.8 16v aspirado do sedã médio e, depois, o 1.4 Turbo que está até hoje em linha na geração atual do Cruze.

Apesar da plataforma do Onix, o modelo se diferenciava bastante dele nas demais características, se aproximando o máximo que conseguia do Cruze. Infelizmente para a Chevrolet, essa geração não vendia muito bem, e isso fez ela tomar uma decisão que deu muito certo. Se a linha Onix dava tão certo e vendia tão bem, inclusive bem melhor que o Cruze, então talvez aproximar a Tracker do Onix aumentasse seu sucesso.

Ou seja, tirar as características que deixavam o modelo mais próximo de um médio e aproximá-lo de um compacto aumentaria as vendas. E não é que funcionou?

Desde que lançou a nova geração, o modelo figura entre os três mais vendidos do segmento de SUVs compactos, oferecendo bom pacote de equipamentos, design bonito e motores com bom desempenho e consumo, o que, atrelados à boa fama da Chevrolet, fazem com que o modelo tenha um desempenho de vendas excepcional.

Além do motor 1.0 turbo que equipa o Onix, o modelo ainda conta com a opção de um 1.2 turbo, o mesmo que veio a equipada a Montana, que foi lançada depois, oferecendo mais desempenho e batendo de frente com as versões mais caras de outros concorrentes. Em termos de espaço interno, o modelo é razoável, não contando com tanto conforto quando em um Hyundai Creta; porém não sendo tão apertado quando um Fiat Fastback. O mesmo vale para o porta-malas, que não é dos maiores, como o do Fastback, mas não é pequeno como o do Jeep Renegade.

No geral, o modelo é muito equilibrado, o que, no geral, resulta em bons números de vendas. É a mesma história do Toyota Corolla, que como produto, dentro do segmento de sedãs médios, nunca foi um super destaque em termos de motor, equipamentos, espaço ou conectividade. Por outro lado, ele sempre foi competente em todos esses quesitos, e no final das contas, isso convence muitos compradores.

Então, se você está de olho em um Tracker, saiba que ele não é o mais rápido, o mais espaçoso ou, quem sabe, o mais completo, porém o modelo atende muito bem todos os requisitos que avaliam um bom SUV compacto. Talvez seja esse o segredo do sucesso.

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