O segmento de SUVs compactos é o mais representativo no mercado nacional atualmente. Chega a ser impressionante, quando comparamos com outras categorias, a quantidade de modelos que estão incluídos nesse segmento, indo desde pequenos como Fiat Pulse até modelos quase médios como o Honda HR-V. É até curioso que algumas marcas como a Fiat e a Volkswagen contam com dois modelos diferentes concorrendo na categoria, o que mostra o quão grande ela é, possibilitando que empresas tenham mais de um produto no mesmo segmento e isso seja vantajoso.

Os figurantes do comparativo de hoje não são os maiores nem os menores, mas estão, os dois, incluídos dentro desse contexto. Ambos se posicionam como intermediários, mas é fato que a Tracker custa muito mais caro em suas versões topo de linha equipadas com motorização 1.2 turbo, enquanto o Nivus se limita, até para não competir tão diretamente com o irmão maior, T-Cross.

Antes de compararmos diretamente os dois modelos, é interessante repassar um pouco da história dos dois modelos no Brasil, começando pelo Tracker. O modelo já está em sua terceira geração por aqui, e acumula cerca de vinte anos de história no mercado. Quem tem boa memória talvez se lembre da primeira geração, que na verdade era um Suzuki Vitara com o símbolo da Chevrolet, e contava com motorização a diesel e tração 4x4, se posicionando como um jipe.

Com o passar do tempo o modelo foi perdendo essas características, dando adeus, primeiramente, ao motor diesel, substituído por um a gasolina, o qual durou até o fim da primeira geração, em 2009, quando ele parou de ser importado. A segunda geração do modelo chegou em 2013 e abandonou as aptidões para o fora de estrada, se tornando um SUV compacto derivado do Onix. Apesar dessa raiz compacta, o modelo fazia de tudo para não ser associado com o irmão menor.

Chamado de Trax em outros mercados, a segunda geração do Tracker usava conjunto mecânico do Cruze. Por aqui, inclusive, muita gente achava que o modelo era o SUV do Cruze, e isso acontecia por conta da Chevrolet não oferecer, na época, o Equinox por aqui, que é o real SUV do Cruze, o que gerava essa confusão. Além do conjunto mecânico, a lista de equipamentos fazia a Tracker se aproximar muito mais do irmão médio do que da sua origem compacta, e essa geração brigou por muitos anos no segmento de SUVs compactos por aqui e fez relativo sucesso, com destaque para os modelos a partir de 2017, os quais contavam com o motor 1.4 turbo de 150 cavalos.

Em 2020 chegou ao mercado a nova geração da Tracker e a Chevrolet decidiu assumir para todo mundo as origens do modelo. Se antes ele tentava ao máximo ser dissociado do Onix, na geração atual ele faz questão de mostrar as semelhanças, o que curiosamente aumentou suas vendas. No final das contas, o Onix é sim um compacto, mas ele também é um sucesso gigante de vendas, e ter sua imagem atrelada a ele não é nada ruim. Enxergamos similaridades nos modelos em praticamente todos os pontos, partindo desde desenho, motorização, acabamento e chegando até a lista de equipamentos.

Nova geração da Tracker é um sucesso de vendas desde que foi lançada.

O Nivus chegou ao mercado em 2020 e fez sucesso imediato, resultado de um conjunto de fatores que levam em consideração o design como um fator fundamental. É bastante difícil achar alguém que ache o modelo feio, e mesmo se achar, ele ainda tem outros atributos para conquistar quem entra em uma concessionária da Volkswagen. A plataforma é moderna e segura, garantindo nota máxima nos testes de segurança, além da lista de equipamentos bastante completa, conjunto mecânico potente e econômico e o conjunto de central multimídia e painel digital que impressiona até nos dias de hoje, quem dirá quando chegou ao mercado.

O lançamento do Nivus causou uma confusão na linha da Volkswagen, mas que, no final das contas, acabou se tornando uma situação muito favorável. Isso porque, quando o SUV compacto foi lançado, ele roubou muitas vendas do Polo, que já não era mais novidade no mercado e via suas vendas caírem com o lançamento das novas gerações dos concorrentes. Depois que o Nivus surgiu, o Polo afundou no ranking, afinal, quem ia em uma concessionária da Volkswagen e via no showroom o Nivus, que era novidade, e o Polo, com três anos de mercado nas costas, custando preços muito próximos, acabava optando pelo lançamento.

Para resolver isso, a marca alemã reposicionou o Polo no mercado, fazendo ele bater de frente em preço com modelos como o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20, o que teve impactos muito positivos, afinal, em 2023 o compacto alemão foi o modelo mais vendido do país. No final das contas, a Volkswagen transformou um lançamento em dois sucessos de vendas.

vw-nivus-highline-2024-frente

Apesar de já ter alguns anos de mercado, o Nivus ainda tem seu apelo com o público.

No final das contas, tanto a Tracker quanto o Nivus fazem sucesso por aqui desde que foram lançados, mas quem leva a melhor em um comparativo direto?

Desempenho e Consumo do Tracker 2024 e Nivus 2024

Para que versões com preços parecidos sejam comparadas, escolhemos a versão LTZ da Tracker e a Highline do Nivus, ambas equipadas com motor 1.0 turbo e câmbio automático de seis marchas. Apesar de serem conjuntos parecidos, o modelo alemão leva vantagem, no geral.

Isso porque seu motor gera 128 cavalos e 20,4 kgfm de torque, frente aos 116 cavalos e 16,8 kgfm de torque no Tracker. Isso garante acelerações melhores no Nivus, que leva 10 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, mais rápido do que os 10,9 segundos do Chevrolet.

Em termos de consumo a situação também é mais favorável para o Nivus. Com médias de 8,3 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada com etanol; e 11,9 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada com gasolina; ele tem vantagem frente ao Tracker, que consegue médias de 7,8 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol; e 11,2 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada com gasolina.

vw-nivus-highline-2024-motor

O motor 1.0 turbo do Nivus é mais eficiente e garante mais desempenho e economia ao modelo.

Espaço, conforto e equipamentos do Tracker 2024 e Nivus 2024

Em termos de espaço interno, ambos os modelos são relativamente equivalentes. Vale lembrar que assim como o Tracker é o SUV do Onix, o Nivus é o SUV do Polo, então ambos têm tamanho interno de compactos. Até é possível que três adultos viajem no banco traseiro, mas eles ficarão apertados em ambos os modelos, o que nos mostra que o ideal é que o trajeto seja feito em até quatro ocupantes dentro do carro. Se o seu foco é espaço interno, seria interessante olhar outras opções do mercado como o Volkswagen T-Cross ou o Hyundai Creta.

Se serve de desempate no quesito, o Nivus tem mais porta-malas, contando com 415 litros contra 393 litros da Tracker. De fato, não é uma diferença tão considerável, e o mais justo é declarar que os dois modelos são equivalentes no quesito. Vale ressaltar que nenhum dos modelos é muito alto, mas não irão ficar raspando no chão como acontece com seus irmãos compactos. Em termos de suspensão, o Nivus é mais duro, o que garante uma direção mais direta e “esportiva”, ao custo de você sentir mais as irregularidades do asfalto.

A Tracker ganha no espaço interno, mas perde no porta-malas para o Nivus.

Em termos de equipamentos, o Nivus leva a melhor, então vamos apontar primeiro o que a Tracker oferece e, depois, o que o modelo da Volkswagen conta a mais ou a menos na lista de equipamentos.

Começando, então, a lista de itens de série da Tracker LTZ, ela conta com rodas de liga-leve de 17 polegadas, seis airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, faróis halógenos com projetor, sistema de frenagem autônoma urbana, alerta de ponto cego, limpador do vidro traseiro e assistente de partida em rampa.

Além desses itens, o Nivus adiciona, ainda freios a disco nas quatro rodas, faróis de LED, luzes diurnas em LED, faróis de neblina, alerta de fadiga do motorista e alerta de pressão dos pneus. Perde, porém, o alerta de ponto cego nos espelhos.

Continuando a lista da Tracker, temos, ainda, piloto automático, direção elétrica, ar-condicionado manual, entrada USB para a segunda fileira, ajuste de altura e profundidade do volante em couro, ajuste de altura do banco do motorista, bancos parcialmente em couro, descansa braço central dianteiro, computador de bordo, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, vidros elétricos nas quatro portas com sistema de um toque para subida e descida, para-sóis com espelho e iluminação para motorista e passageiro, volante multifuncional, ajustes elétricos dos retrovisores, destravamento interno e remoto do porta-malas, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme, chave presencial com sistema de partida por botão e acendimento automático dos faróis.

O Nivus conta com esses itens e ainda adiciona piloto automático adaptativo, ar-condicionado automático com saída para a segunda fileira, bancos em couro, tapetes, sensores de estacionamento dianteiros, rebatimento elétricos dos retrovisores, retrovisor interno eletrocrômico, limpador de para-brisas automático e carregador por indução.

Fecha a lista de equipamentos da Tracker a central multimídia de oito polegadas com rádio, conexão Bluetooth, USB, internet HUB e espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay.

O Nivus tem uma central multimídia com as mesmas funções, menos a internet HUB. Por outro lado, o modelo conta com o moderno painel digital Active Info Display totalmente configurável.

vw-nivus-highline-2022 (1)

O painel digital do Nivus garante muita conectividade ao modelo.

Qual mais vale a pena?

No final das contas parece que quem levou a melhor no comparativo entre os dois modelos foi o Volkswagen Nivus. Ele anda melhor, é mais econômico, melhor equipado e, em termos de espaço, é bastante similar ao concorrente americano.

Não que a Tracker seja um carro ruim, muito pelo contrário, ela tem muitas qualidades, mas ao comparar diretamente essas duas versões dos modelos, a situação fica difícil para o modelo da Chevrolet.

Tracker 2024 vs Nivus 2024: quem leva a melhor no comparativo de SUVs