Não é difícil perceber que o segmento de SUVs compactos é um dos mais agitados do mercado atualmente, afinal, é impossível sair na rua e não ver várias unidades de modelos dessa categoria rodando para lá e para cá.

Quando surgiu por aqui, em 2003, inaugurada pelo Ford Ecosport, a categoria era muito menor e menos representativa, mas ganhou vários novos modelos, principalmente a partir do ano de 2015. Nessa época, porém, o segmento ainda não era tão grande em termos de participação de mercado, e nem tão diverso quanto é atualmente.

Isso porque, no contexto atual, podemos ver uma clara divisão na categoria, entre modelos maiores e menores. É quase como se fossem duas categorias diferentes, e inclusive algumas marcas possuem dois modelos no portfólio que entram no balaio de “SUVs compactos”, mas tem tamanhos bem diferentes. É o caso da Volkswagen com o Nivus e o T-Cross, e também acontece com um dos modelos que serão comparados aqui, afinal, o Fiat Pulse é menor do que o Fastback.

Se existem modelos maiores e modelos menores, é natural que existam alguns que fiquem no meio termo. Não tão grandes quanto os grandes, nem tão pequenos quanto os pequenos, e é nesse contexto que o Chevrolet Tracker está incluído. Desde que a nova geração do modelo chegou ao mercado, ele vem fazendo muito sucesso por ser, no geral, um modelo muito equilibrado, mas vale lembrar que nem sempre ele foi desse jeito.

Na primeira geração do modelo por aqui ele era um jipe com motor diesel e tração nas quatro rodas, que ao longo dos anos foi recebendo mudanças para ficar mais usável como carro de passeio, e dentre as principais alterações, tivemos a troca do motor diesel pelo motor que equipava o Astra. A tração, porém, sempre foi nas quatro rodas, a fim de bater de frente com as versões do Ford Ecosport com essa configuração. Ela deu adeus ao mercado em 2009, deixando alguns fãs, mas não muitos, afinal, ela não era o que se podia chamar de um sucesso de vendas.

A segunda geração chegou em 2013, e em outros mercados foi chamada de Trax. Apesar de ser baseado no Onix, o modelo corria o máximo possível de qualquer similaridade e tentava, em todos os sentidos, se aproximar do Cruze, que é um carro médio. Assim, tanto a lista de equipamentos quanto o conjunto mecânico eram herdados do irmão maior, o que, a partir de 2017, gerou uma interessante configuração do modelo com motor 1.4 turbo, que era um diferencial do modelo frente aos concorrentes, que ainda não haviam adotado o downsizing.

Essa geração deu adeus ao mercado em 2020 para a chegada da nova, que conseguiu atingir um nível de sucesso nunca antes conseguido pelas outras gerações do modelo. Talvez o segredo disso tenha sido que a Tracker parou de tentar fugir da sua essência, que é o Onix, e abraçou isso, assumindo pro mundo que ele é a versão SUV do Onix. A um primeiro olhar, tentar se apegar ao Cruze parece resultar em um produto melhor, mas se analisarmos bem, ter sua imagem associada ao Onix não é uma coisa ruim, afinal, o modelo é um sucesso estrondoso de vendas desde que foi lançado, e liderou o ranking de vendas do mercado nacional de 2015 até 2020.

A Tracker nunca fez tanto sucesso quanto na atual geração.

O Pulse foi a grande aposta mais recente da Fiat. É fato que, depois dele, ela lançou o Fastback, mas ele não foi o que podemos chamar de aposta, afinal, a Fiat já havia testado o mercado e sabia que o produto faria sucesso. Esse teste foi feito, justamente, com o Pulse, que chegou ao mercado em 2021 com uma estratégia de preços muito agressiva e diversos predicados para conquistar os clientes.

Na mesma lógica que a Volkswagen usou para criar o Nivus a partir do Polo, a Fiat fez o Pulse a partir do Argo. A diferença maior, ao menos externamente, é que a montadora alemã deu mais atenção ao design e diferenciou bastante os dois modelos, resultando em dois produtos bastante distintos e que, ao menos para quem não entende muito do assunto, parecem carros totalmente diferentes. A Fiat não conseguiu fazer isso, e no final das contas, quem olha o Pulse, principalmente a traseira do modelo, consegue identificar facilmente que ele é derivado do Argo.

Apesar disso, o modelo tem um porte maior, linha de cintura mais alta, frente imponente e um interior muito mais bonito e refinado que o irmão compacto, o que disfarça suas origens. Além do design bastante caprichado, a lista de equipamentos com a qual o modelo chegou ao mercado impressionou muita gente e fez ele rapidamente se tornar a estrela dos sonhos de consumo de muita gente. Além disso, o motor 1.0 turbo mais potente do mercado encantava quem ia na concessionária fazer um test-drive, e as versões 1.3 faziam brilhar os olhos de quem está pensando em um carro confortável para uso urbano.

pulse frente

O Pulse foi a maior aposta recente da Fiat no mercado brasileiro.

Se formos comparar diretamente o Chevrolet Tracker e o Fiat Pulse, quem será que leva a melhor? Se você está pensando em comprar um SUV compacto, é bastante provável que essa dúvida tenha passado pela sua cabeça, e vamos tentar te ajudar a decidir!

Desempenho e Consumo do Tracker 2024 e Pulse 2024

É um pouco difícil encontrar versões dos dois modelos que tenham preços parecidos. As mais próximas seriam a Tracker LTZ e o Pulse Abarth, mas a versão esportiva do modelo não é das mais procuradas e tem um público muito específico. Assim, as versões escolhidas foram LT da Tracker e Impetus do Pulse. Apesar de a versão escolhida da Tracker ser uma das de entrada do modelo, vale lembrar que ela é alguns milhares de reais mais cara que a versão do escolhida do Pulse, que é a topo de linha das versões comuns.

Ambos os modelos são equipados com motores 1.0 turbinados, mas seguem filosofias um pouco diferentes. Isso porque o motor da Tracker tem injeção indireta, resultando em um pouco menos de potência e eficiência, mas garantindo uma segurança a mais para o motor em termos de qualidade do combustível. Esse motor gera 116 cavalos e 16,8 kgfm de torque, e é acompanhado de um câmbio automático de seis marchas.

O Pulse tem o motor 1.0 turbo mais forte do mercado, mas existem alguns pontos a serem levantados em relação a esse fato. Ao contrário da Tracker, o modelo usa um sistema de injeção direta, o que garante mais eficiência ao preço de ser mais sensível a combustíveis ruins, o que é bastante comum no nosso país. O motor gera 130 cavalos e 20,4 kgfm de torque e é acompanhado de um câmbio automático do tipo CVT com simulação de sete marchas.

pulse motor

O conjunto 1.0 turbo do Pulse é relativamente novo no mercado.

Esse conjunto ainda é novo no mercado e não passou pelo teste mais rigoroso de todos, que é ficar muito tempo em linha sendo usado de todas as maneiras possíveis por donos cuidadosos ou, às vezes, nem tanto assim. Fato é que aconteceram alguns problemas relacionados ao câmbio CVT nas primeiras unidades, mas o problema parece ter sido resolvido, afinal, não existem relatos recentes a respeito disso.

O Pulse tem ótimos números tanto de desempenho quanto de consumo, levando vantagem nos dois tópicos quando comparado com o Tracker. As acelerações de 0 a 100 km/h do modelo são feitas em rápidos 9,4 segundos, enquanto o concorrente leva 10,7 segundos para cumprir a mesma tarefa.

O consumo do Pulse fica em torno de 8,5 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada com etanol e 12,0 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada com gasolina. A Tracker é um pouco mais gastona, conseguindo médias de 7,8 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol e 11,2 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada com gasolina.

O motor da Tracker é mais fraco e consome mais combustível, porém ele se vira bem no uso diário.

Espaço, conforto e equipamentos do Tracker 2024 e Pulse 2024

Em termos de espaço interno, temos uma vantagem para a Tracker, mas que na prática nem é tão grande assim. É fato que o modelo da Chevrolet é mais espaçoso, da mesma maneira que o Onix é maior do que o Argo, mas essa diferença não faz tanta diferença a depender do uso. Se três pessoas forem viajar no banco traseiro, elas irão mais confortáveis a bordo da Tracker, mas vale lembrar que, apesar de mais confortáveis, elas ainda estarão apertadas. No Pulse, a experiência de viajar em três no banco de trás será bem complicada.

pulse espaço interno

A Fiat levou o termo "compacto" bem a sério quando projetou o Pulse.

Apesar de um ser maior que o outro, no final das contas, se você pretende colocar, realmente, três pessoas no banco de trás sempre, o melhor a se fazer é olhar com mais carinho para um Hyundai Creta ou Volkswagen T-Cross. No uso de até dois passageiros no banco traseiros, tanto a Tracker quando o Pulse cumprem bem a função, apesar de o modelo da Chevrolet ter um interior mais amplo. Em termos de porta-malas, a Tracker também leva vantagem com 393 litros de capacidade, contra 320 litros do Pulse (medidos da mesma maneira que o do concorrente).

O porta-malas de quase 400 litros da Tracker abriga bem as malas de uma família.

A situação muda quando olhamos para a lista de equipamentos dos dois modelos, isso porque, sendo a versão topo de linha do Pulse, a impetus é recheada de equipamentos e esse é um dos maiores argumentos do modelo para conquistar clientes. A Tracker LT não é mal equipada, mas por ser uma versão de entrada, ela não é um destaque no quesito. Vamos apresentar o que o Pulse oferece de série e depois o que a Tracker tem a mais ou a menos.

Começando pelos equipamentos do Pulse Impetus, ele conta quatro airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, faróis de LED, luzes diurnas em LED, faróis de neblina, alerta de permanência em faixa, frenagem autônoma urbana, comutação automática dos faróis, limpador do vidro traseiro, assistente de partida em rampa e alerta de pressão dos pneus. Vale lembrar que o modelo foi recentemente testado pelo Latin NCAP e conquistou apenas duas estrelas nos testes, de cinco possíveis. Essa nota se deve ao fato de existirem versões nas quais o pacote ADAS não está presente, e seria maior se esses itens tivessem sido levados em conta.

A Tracker conta com seis airbags, porém perde o pacote de ADAS, ou seja, não conta com alerta de permanência em faixa, frenagem autônoma urbana e comutação automática dos faróis. Além disso, os faróis são halógenos com projetores, perde as luzes diurnas em LED, os faróis de neblina e o alerta de pressão dos pneus. Quando foi testado pelo Latin NCAP, essa geração da Tracker conseguiu nota máxima.

Continuando com a lista do Pulse, temos piloto automático, direção elétrica, ar-condicionado automático, entrada USB para a segunda fileira, ajuste de altura e profundidade do volante em couro, ajuste de altura do banco do motorista, bancos em couro, descansa braço central dianteiro, computador de bordo, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, vidros elétricos nas quatro portas com sistema de um toque para subida e descida, para-sóis com espelho para motorista e passageiro, volante multifuncional, ajustes elétricos dos retrovisores, rebatimento elétrico dos retrovisores, retrovisor interno eletrocrômico, destravamento interno e remoto do porta-malas, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme, chave presencial com sistema de partida por botão e ignição remota do motor, limpador de para-brisas com acionamento automático, acendimento automático dos faróis e carregamento por indução.

A Tracker fica devendo muitos equipamentos ao Pulse, começando pelo ar-condicionado, que é manual e não automático; perde o revestimento de couro no volante e nos bancos, os sensores de estacionamento dianteiros, o rebatimento elétrico dos retrovisores, o retrovisor interno eletrocrômico, o limpador de para-brisas com acionamento automático e o carregamento por indução. Se serve de consolo, ele conta com iluminação nos para-sóis.

Fecha a lista de equipamentos do Pulse a central multimídia de 10,1 polegadas com rádio, conexão Bluetooth, USB, sistema de navegação nativa e espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay. Ele conta, ainda, com painel digital.

A Tracker tem uma central multimídia um pouco menor, de oito polegadas, perde o sistema de navegação mas ganha wi-fi embarcado. Além disso, o painel dela não é digital.

pulse interior

O Pulse é consideravelmente mais equipado que o concorrente.

Qual mais vale a pena?

No final das contas, o Fiat Pulse Impetus parece ser um negócio melhor do que a Tracker LT. Isso porque, apesar de mais barato, o modelo tem um desempenho consideravelmente melhor, gasta menos combustível, tem mais tecnologia em termos de itens de condução semi-autônoma. Além disso, temos uma lista de equipamentos mais completa.

Vale, porém, ressaltar que, desde quando foi lançada, a Tracker não teve grandes problemas relatados por donos e é um modelo elogiado pela consistência e segurança, tanto em termos de segurança como de produto no geral. O Pulse passou por chamadas da fábrica, teve problemas e ainda tem tecnologias um tanto recentes, o que o coloca como uma compra um pouco mais arriscada em termos de durabilidade.

Tracker 2024 vs Pulse 2024: quem leva a melhor no comparativo de SUVs