Quando pensamos em Chery, é comum que muita gente alegue que a marca chegou ao mercado nacional recentemente, e isso justificaria a falta de confiança de tanta gente na qualidade dos produtos da marca.
A história, porém, muda de cara se levarmos em conta que, na verdade, ela chegou ao Brasil em 2009. Isso nos aponta que, na realidade, a empresa já conta com quinze anos de operação nacional, além de, nos últimos anos, ter investido pesado no país, como podemos ver pela sua fábrica nacional, em Jacareí, na qual produz boa parte da gama de modelos oferecidos por aqui.
O começo da história todo mundo já conhece, com o lançamento de modelos compactos que eram muito mais completos do que os concorrentes e custavam mais barato, a fim de conquistar uma parcela dos consumidores dessa categoria, que era muito mais movimentada, na época, do que é hoje em dia. Inclusive, a Chery (em conjunto com a JAC, outra montadora chinesa), foi responsável por dar o pontapé inicial no processo de melhoria na qualidade dos compactos nacionais, de uma maneira geral, até chegarmos na situação atual, em que temos compactos que oferecem até pacote ADAS.
Fato é que os modelos de excelente custo-benefício da Chery não duraram muito no país, afinal, ao se sentir ameaçado, o lobby das montadoras fez pressão no governo para aumentar os impostos sobre produtos importados, sob a desculpa de que estava acontecendo uma “concorrência desleal”. Isso prejudicou não só as chinesas, mas também a Hyundai, que estava adotando uma lógica parecida, sob a gestão do grupo CAOA, com preços muito agressivos para conquistar mercado.
A partir desse aumento de impostos, as montadoras chinesas perderam o protagonismo no mercado e rapidamente caíram no esquecimento, e, apesar de nunca terem, de fato, deixado o país, muita gente nem lembrava que elas, Chery e JAC, existiam. A história mudou de cenário quando a CAOA, que enfrentava problemas com a Hyundai, decidiu diversificar seus investimentos e comprou metade da operação da Chery por aqui, e começou um trabalho muito bem feito para construir a imagem da chinesa por aqui, com foco na tecnologia e no custo-benefício dos modelos.
A estratégia era a clássica: oferecer produtos mais completos pelo preço de outros mais simples, e isso estava dando muito certo, até que, por algum motivo, porém, a empresa decidiu subir os preços dos seus modelos, cobrando o mesmo que os concorrentes mais consolidados e apostando que conseguiria ganhar o público pela qualidade do produto, e não pelo preço, o que não deu muito certo. No fim do dia, ninguém escolhia uma Arrizo 6, se ele custava o mesmo que um Toyota Corolla.
Com isso, a Chery parou rapidamente de ganhar mercado e estagnou, sem prospectar novos clientes, até que, finalmente, depois de alguns anos, a ficha da montadora finalmente caiu, e eles baixaram novamente os preços dos seus modelos, tornando-os mais competitivos. Praticamente toda a linha Chery teve cortes profundos no preço, e novas versões, mais básica, dos modelos, denominadas “Sport”, foram lançadas cobrando preços impressionantes, como o Tiggo 7 Sport, que custa o mesmo que versões básicas de alguns SUVs compactos, apesar de ser um SUV médio e, diga-se de passagem, um dos grandes. O grande problema, porém, é o fato de que ela parece ter perdido o momento de fazer isso, afinal, antes ela estava nos holofotes, e ao ficar um bom tempo cobrando o mesmo que os concorrentes, perdeu a atenção do mercado. Assim, muita gente nem leva em consideração os modelos da marca na hora de comprar um carro novo.
A Chery estar um pouco de lado no mercado não significa que seus modelos sejam ruins, muito pelo contrário. O Tiggo 8, por exemplo, é um dos melhores custos-benefícios para quem está de olho em um carro muito tecnológico e, principalmente, com muito espaço interno para carregar tudo que você quiser. É impossível encontrar, na faixa de preço do modelo, outro que oferece quase 900 litros de porta-malas, além da opção de sete lugares estar disponível apenas em modelos muito mais baratos (e, consequentemente, menos tecnológicos e espaçosos) ou muito mais caros (e não necessariamente tão mais tecnológicos e espaçosos).
Vamos te apresentar tudo que você precisa saber sobre o modelo e, quem sabe, te apresentar seu próximo carro zero quilômetro!
Ao contrário do que acontece no Tiggo 7, que possui, atualmente, três versões, cada uma com um conjunto mecânico exclusivo, o Tiggo 8 oferece apenas uma opção, que é muito elogiada pelo ótimo desempenho. Trata-se de um motor 1.6 turbo com 187 cavalos e 28 kgfm de torque, que trabalha associado a um câmbio automatizado de dupla embreagem de sete marchas, o qual garante trocas de marcha rápidas e melhor consumo de combustível.
Apesar de ser um carro bem grande e contar com sete lugares, o desempenho do modelo não é nada mal, acelerando de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos. Claro que não é nenhum esportivo, e fica um pouco para trás dos concorrentes na mesma faixa de preço, mas vale lembrar que nenhum deles oferece a opção dos sete lugares.
O consumo fica em torno de 10,1 km/l na cidade e 12,0 km/l na estrada, sempre com gasolina no tanque.
O motor turbinado da conta do recado no Tiggo 8.
Apesar de, atualmente, a linha Chery Tiggo 8 custar valores próximos de SUVs médios, é fato que, em termos de produto, eles não competem tanto assim. Isso porque o modelo chinês é muito maior, contando com opção de sete lugares e um porta-malas colossal, diferente, por exemplo, de um Jeep Compass.
Cabe toda a família a bordo do Tiggo 8!
Na realidade, seus concorrentes diretos seriam modelos como o Jeep Commander e o Volkswagen Tiguan, que são os dois modelos SUVs médios-grandes do mercado com opção de sete lugares. Por conta da política de redução de preços promovida pela Chery, porém, o Tiggo está batendo de frente com modelos de uma categoria inferior, o que concederia uma ótima vantagem, considerando que o público soubesse dessa condição.
A lista de equipamentos é bem boa, mas o destaque dele é o espaço, afinal, são sete lugares e, na opção de cinco ocupantes, o porta-malas tem quase 900 litros. Além disso, ele é um dos modelos que melhor abriga três adultos na segunda fileira de bancos, com ótimo espaço para pernas e ombros. Vale lembrar, claro, que o espaço da terceira fileira não é dos melhores, assim sendo mais indicado para quem for pequeno. Isso não é um demérito, no final das contas, afinal até os SUVs grandes baseados em picapes tem pouco espaço na terceira fileira.
O espaço interno é um dos maiores trunfos do Tiggo 8.
O Tiggo 8, em sua configuração à combustão, oferece apenas um pacote de equipamentos fixo e muito recheado, se tornando uma opção muito interessante para quem precisa de ótimo espaço interno, mas não abre mão da tecnologia.
Começamos a lista de equipamentos com rodas de liga-leve de 18 polegadas, seis airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, freios à disco nas quatro rodas, faróis de LED, faróis de neblina, luzes diurnas em LED, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma, comutação automática dos faróis, monitoramento de pedestres, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, limpador do vidro traseiro, alerta de pressão dos pneus, suspensão traseira independente e assistente de partida em rampa.
Seguimos com piloto automático adaptativo, direção elétrica, ar-condicionado automático com duas zonas de temperatura distintas, saída de ar e entrada USB para os ocupantes do banco de trás, ajuste de altura e profundidade do volante em couro, ajustes elétricos dos bancos dianteiros, bancos em couro, descansa braço central dianteiro, tapetes, teto solar, computador de bordo, sensores de estacionamento traseiros, sistema de câmeras 360º para auxílio em manobras, vidros elétricos nas quatro portas com sistema de um toque para subida e descida, para-sóis com espelho e iluminação, volante multifuncional, ajuste elétrico dos retrovisores, retrovisores rebatíveis eletricamente, retrovisor interno eletrocrômico, destravamento interno e remoto do porta-malas, abertura e fechamento elétrico do porta-malas por gestos, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme, chave presencial com sistema de partida por botão, limpadores de para-brisas com acionamento automático, acendimento automático dos faróis, freio de estacionamento eletrônico com sistema auto-hold e carregador por indução.
Fechamos com a multimídia de 10,5 polegadas com rádio, conexão Bluetooth, USB, espelhamento com fio de Android Auto e Apple CarPlay e painel de controle digital.
O acabamento do modelo chama muita atenção.
O teto solar panorâmico garante mais amplitude ao interior do modelo.
Principalmente com as recentes reduções de preço aplicadas a toda a linha pela Chery, levar um Tiggo 8 para casa se tornou uma ideia muito mais atrativa para quem precisa de um carro espaçoso e tecnológico, além de, no geral, ser um excelente custo-benefício.
É fato que, caso você queira investir um pouco mais, é possível levar para casa, por exemplo, um GWM Haval H6, que perde um pouco em termos de porta-malas, apesar de ser bem bom nesse quesito, mas ganha na tecnologia, principalmente no pacote ADAS mais moderno. No geral, porém, é até um pouco difícil apontar carros que valham mais a pena do que o Tiggo 8 na sua faixa de preço, e definitivamente ele é uma boa opção para quem “compra carro por metro quadrado” e quer mais espaço por menor preço.