O Honda Accord é um dos modelos mais queridos pelos fãs de sedãs grandes por aqui, primeiro pela qualidade e tempo de mercado do modelo, e em segundo lugar, claro, por ele ser um dos únicos representantes do segmento à venda no país.
Na realidade, atualmente, com a chegada da nova geração do modelo, o segmento volta a existir por aqui. Antigamente ele tinha diversos representantes como Toyota Camry, Ford Fusion, Hyundai Azera e Volkswagen Passat, mas todos eles deram adeus ao mercado e, hoje, se você quer um sedã grande, a única opção do mercado é um Accord,
O que torna a vida do sedã um pouco complicada é o preço. Isso porque, apesar de ele ter tecnologia e refino suficientes para conseguir convencer pessoas a pagarem o que é pedido, o posicionamento escolhido pela Honda faz com que o modelo bata de frente com versões mais baratas dos carros de entrada de marcas premium, como é o caso da BMW 320. Partindo para a linha da Audi, inclusive, é possível levar um A3 sedã de entrada por algumas dezenas de milhares de reais a menos.
Tudo bem, esses modelos premium citados são sedãs médios e, em termos de espaço, seriam próximos (ou até menores) do que um Civic, mas no final das contas, esse é um dos argumentos da Honda para tentar conquistar os clientes. Pagando um preço próximo aos modelos premium, você consegue levar um carro mais completo e maior, e ter isso em mente nos faz perceber que, na verdade, mesmo custando o preço cobrado, a aposta da Honda é que o Accord seja uma opção de custo-benefício.
Não em relação aos modelos que vemos rodando por aí normalmente. Se você pensar que um Toyota Corolla de entrada custa cerca de metade do preço do Accord, é difícil enxergar essa relação no sentido de como o sedã grande da Honda poderia ser um bom custo-benefício. É um modelo excelente, cheio de qualidades, mas custa o dobro, e, assim, estamos falando aqui de uma diferença de uma centena e meio de milhares de reais.
A Honda está mirando em quem está de olho nesses modelos de entrada de marcas premium, o que pode ou não ser uma boa estratégia. Isso porque existem dois cenários importantes desse tipo de consumidor que precisam ser levados em conta. O primeiro é o cenário no qual a pessoa, ao gastar esse montante, faz questão de comprar um produto premium, seja lá qual for o motivo, e não ficará satisfeito com um Honda, mesmo que ele seja um excelente modelo. Para esse público, então, o Accord não teria nenhum apelo.
O segundo cenário, e é o que, provavelmente a Honda aposta, é o no qual o consumidor pretende gastar todo esse dinheiro, mas não faz questão de o carro comprado ser de uma marca premium, assim, ele escolhe baseado em qual produto é superior numa análise puramente racional, e, nesse caso, o Accord teria chance por ser um sedã grande com diversas características que se sobressaem, e sem muitos deméritos em relação a esses modelos premium de entrada.
No final das contas, é bem improvável que a Honda tenha decidido relançar o modelo sem ter feito estudos de mercado para saber o quão aberto o mercado dessa faixa de preço estaria à chegada do sedã grande. Provavelmente, assim como acontece no Civic, a intenção nem é vender muito, afinal, a quantidade de Honda Civic que está sendo importada é baixíssima. Mesmo que as pessoas, no geral, não estejam brigando e se desesperando por um Civic zero quilômetro, existe uma demanda e ela é até maior do que a quantidade de unidades que estão chegando por aqui.
A tendência do Accord é que ele siga a mesma lógica, talvez até conquistando alguns clientes da BMW 320i, que diga-se de passagem, está vendendo muito bem nesse ano, principalmente considerando que é um modelo um tanto voltado para um público específico.
Se você está de olho em um Honda Accord 2024, vamos te contar tudo sobre o modelo para ajudar na sua decisão de compra!
Para começo de conversa, é preciso citar aqui que o conjunto mecânico do Accord é o mesmo do Civic. Assim, se o seu foco é, exclusivamente, o motor, que é muito tecnológico e econômico, sendo as outras questões que diferem os modelos menos representativas, então a melhor opção é o sedã médio, e não gastar o valor a mais para levar para casa o Accord.
Dito isso, vale lembrar que, apesar de ambos os modelos contarem com o mesmo conjunto, é o Civic quem está com um conjunto de nível de refino acima da sua categoria de sedã médio, e não o Accord que está abaixo do seu padrão. Trazendo a explicação para uma realidade mais conhecida por aqui, é como se, em 2016, o Civic contasse com o motor 3.5 V6 do Accord, e não o Accord contado com o motor 2.0 aspirado do Civic.
O conjunto se trata de dois motores, sendo um à combustão e um elétrico e, na prática, porém, esse conjunto funciona de uma maneira não muito convencional. Enquanto, normalmente, os motores elétricos atuam auxiliando o motor à combustão na tarefa de mover o veículo ou, talvez, cuidando de funções auxiliares como dar a partida, andar de ré ou manter o ar-condicionado gelando; por aqui a história é outra.
Basicamente, o Honda Accord funciona como um carro elétrico, e seu motor à combustão trabalha grande parte do tempo como gerador para a parte elétrica, que é, inclusive, mais potente que a à combustão. O motor à combustão só atua para movimentar o modelo quando se está rodando em velocidade constante de cruzeiro, mas qualquer aceleração ou outro uso que não seja constante na rodovia será totalmente responsabilidade do motor elétrico. No uso do dia-a-dia, os dois motores praticamente nunca atuam juntos para empurrar o modelo, sendo essa responsabilidade praticamente toda do conjunto elétrico.
O motor à combustão é um 2.0 de 143 cavalos e 19,1 kgfm de torque, enquanto o conjunto elétrico conta com 184 cavalos e 34,1 kgfm de torque. No conjunto geral dos dois motores, o torque se mantém o mesmo do motor elétrico, mas a potência sobe para 207 cavalos, tudo isso sendo gerido por um câmbio um pouco diferente do convencional.
Isso porque ele não tem marchas, e nem é um CVT puro como se conhece. Como ele funciona basicamente como um elétrico, o câmbio dele é mais para esse sentido, e a Honda batizou ele de e-CVT. Explicando bem por cima, ele consiste em engrenagens que conectam a parte elétrica e a à combustão gerida por um módulo inteligente. Com o intuito de não gerar estranheza e parecer algo mais próximo da realidade comum dos carros, a Honda implementou alguns recursos, como por exemplo o câmbio aumentar a rotação do motor à combustão conforme a velocidade aumenta (mesmo ele não tendo qualquer relação com o ganho de velocidade, afinal, ele é praticamente um gerador) e simula trocas de marchas. No final das contas, nem parece um elétrico.
O conjunto híbrido do Accord tem números interessantes.
O desempenho é muito bom, resultado do torque instantâneo proporcionado pelo motor à combustão, e as acelerações de 0 a 100 km/h ficam em torno de 7 segundos, mais rápido do que muitos modelos que se denominam esportivos e são bem menores do que os quase cinco metros do comprimento do Accord.
Apesar do tamanho, o consumo do modelo é muito bom, o que é até esperado, considerando como funciona o conjunto motriz do modelo. Sempre abastecido com gasolina, o modelo consegue médias, de acordo com o INMETRO, de 17,8 km/l na cidade e 16,1 km/l na estrada, mas não faltam relatos de quem testou o modelo e conseguiu médias superiores a 20,0 km/l na cidade.
O conjunto impressiona pelo bom desempenho e consumo de combustível.
Como dito anteriormente, o Honda Accord está mirando em modelos de categoria premium, e é fato que, para convencer alguém que quer levar para casa um BMW, Audi ou Mercedes-Benz para casa, a levar um Honda, o Honda precisa ser muito bom. Nessa questão a marca japonesa fez um ótimo trabalho, e o Accord nunca esteve tão tecnológico e refinado quanto na geração atual. Fica como destaque os recursos de condução semi-autônoma do modelo, que contam com um ajuste muito fino das configurações, tornando a vivência com os assistentes muito mais agradável, mesmo para quem não está acostumado.
Interior do modelo é bastante sóbrio e conta com bons acabamento e arremates.
O espaço interno do modelo é muito bom, o que é totalmente esperado, visto que estamos falando, aqui, de um sedã grande. Mesmo se duas pessoas de grande estatura sentarem uma no banco da frente e uma no banco de trás, ainda sobra um bom espaço para as pernas, coisa que se repete quando pensamos na acomodação da cabeça de quem viaja atrás. Por conta do caimento do teto, era esperado que, talvez, faltasse espaço, mas não é o que acontece.
A maior dificuldade fica por conta do espaço lateral, mas mesmo assim ele é muito bom e três pessoas conseguem viajar no banco traseiro sem grandes infortúnios. O porta-malas faz jus à fama que os sedãs carregam e conta com excelentes 574 litros de capacidade.
É difícil encontrar um sedã com um porta-malas maior que do Accord.
Ao contrário do que acontece em outros mercados, em que o sedã grande conta com várias opções de versões, inclusive opções sem o sistema híbrido, por aqui o Accord chega em versão única, sem opcionais.
A lista de equipamentos do modelos começa com rodas de liga-leve de 18 polegadas, suspensão traseira independente, oito airbags, controles eletrônicos de estabilidade e tração, freios a disco nas quatro rodas, faróis de LED, luzes diurnas em LED, faróis de neblina, alerta de fadiga do motorista, comutação automática dos faróis, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma urbana, alerta de ponto cego, alerta de pressão dos pneus e assistente de partida em rampa.
As rodas de 18 polegadas combinam com o bonito design do Accord 2024.
Além disso, temos ainda direção elétrica, ar-condicionado automático com duas zonas de temperatura independentes e saídas para o banco traseiro, portas USB para a segunda fileira, ajuste de altura e profundidade do volante, que é revestido em couro, bancos em couro, descansa braço central dianteiro, tapetes, teto solar, computador de bordo, head-up display, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, vidros elétricos com função um toque para subida e descida, para-sóis com espelho e iluminação para motorista e passageiro, volante multifuncional, ajustes elétricos dos bancos dianteiros, memória para o banco do motorista, ajustes elétricos dos retrovisores, que contam com rebatimento automático, retrovisor interno eletrocrômico, destravamento interno e remoto do porta-malas, destravamento interno do tanque de combustível, travas elétricas, alarme, chave presencial com sistema de partida por botão e acionamento remoto do motor, acendimento automático dos faróis, limpadores de para-brisas automáticos, freio de estacionamento eletrônico e carregador por indução.
O banco do motorista conta com duas memórias de ajuste.
Fecha a lista de equipamentos do modelo, que é, como pode ser visto bem completa, a central multimídia de 12,3 polegadas com rádio, conexão USB, Bluetooth, espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay e sistema de som assinado; além do painel de controle totalmente digital e configurável.
O painel totalmente digital adiciona mais conectividade ao modelo.
O sistema de som assinado pela Bose impressiona pela qualidade.
No final das contas, existem duas formas de olhar para o Accord. De um lado, ele é um sedã grande com o mesmo conjunto do Civic, muito bem equipado porém que cobra muito caro para entregar esse bom conjunto, no geral. Por outro lado, se você está mirando em modelos premium de entrada como a Série 3 da BMW, a opção de levar um sedã grande, refinado e muito bem equipado como o Accord para casa gastando menos, pode ser uma questão tentadora.
No final das contas, a Honda sabe muito bem onde está mirando o Accord, e é nesse público que estaria disposto a pagar o pedido por um sedã premium de entrada, mas tem um forte senso de custo-benefício constantemente grilando na sua cabeça que está pagando caro por um modelo que não é tão bem equipado. Se você gosta de SUVs, ou acha que sedãs são coisa do passado, ou se você é o consumidor que compra modelos até a faixa dos 200.000 reais, o Accord não é pensado para você. Até porque, no final das contas, se você está incluído nesses grupos e quer um Honda, o Civic ou o HR-V te atenderiam muito melhor, sendo bem menos caros que o Accord.